quinta-feira, 29 de março de 2012

Culpa


Exorcizo em palavras minha angústia,
E me consumo de forma voraz.
Grito pela ausência da astúcia,
Que me permite um isolamento contumaz!
E reverbero calado,
Tudo que não foi feito.
O defeito quase sem jeito,
Que considero um pecado.
E na fria fímbria da alma,
Me refaço em prece que acalma.
Me renovo qual ave mitológica,
Dessa minha vil falta de lógica!

sexta-feira, 16 de março de 2012

A Fortaleza


Ruiu a fortaleza!
As paredes outrora alicerçadas,
Figuradas de beleza
Agora choram em ruínas, caladas,
Pela infinita agrura do tempo.
Tanto resistiu a guerras e tremores,
Como o coração do valente guerreiro,
Que enfrenta tragédias e amores.
O vento pelos escombros desliza,
Escorre e assobia na noite fria,
Conta da estória de valentia,
Sob a luz do luar.
Da fortaleza antes erguida
Que bravamente lutou contra o mar,
Sucumbiu apenas ao tempo.
Fez da bravura seu melhor momento
E contra o inimigo real e imaginário,
lutou como um templário
A defender sua divindade.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Mulher


Tem o canto da sereia,
Que ecoa na madrugada.
Encanto que permeia,
A noite enluarada.
Tem o instinto de Proteção.
Na família, a devoção.
O amor angelical,
A ternura maternal.
Homens sucumbem ao seu amor,
Sua ternura acalenta a dor.
É a perfeição da criação,
Anjo Flor-Mulher!

segunda-feira, 5 de março de 2012

Na Beira do Mar



Sento-me na pedra fria do porto
Lanço meu olhar no horizonte...
Ao longe o grito triste do navio que parte,
No cais, a angústia de quem fica.
O vento do verão sopra no meu rosto,
Ele seca uma lágrima de saudade
Varre o resquício de alegria.
Fica ao longe o cheiro da maresia...
Na distância vejo ainda uma possibilidade
De você aportar na minha realidade.
Dona de meus mares e embarcações,
Senhora dos meus presságios,
Fazedora de minhas canções.
Agora o dia fez-se noite,
O vento tornou-se açoite
Da minha ilusão e da minha espera.
Na mesma pedra fria,
No porto de ilusões,
No desvario do coração.
Muito longe a lua derrama-se sobre o mar
Inundando a água com sua luz,
Que cada reflexo ao seu olhar me conduz.
A noite transformou-se em dia,
Ainda vivo a minha agonia.
Na mesma pedra fria
Do porto de ilusão.
Às vezes a vejo em uma jangada,
Chegando magistralmente
Como a romper a madrugada.
Com sua pele alva,
Com seus cabelos negros,
A confundir os homens do porto
Com as sereias dos seus sonhos.
Mas você não vem...
Vou sempre voltar ao porto
Sentarei na mesma pedra fria
Viverei sempre a agonia
Da saudade e da espera no durar do dia.
Da agonia e do vento como açoite,
No chegar da noite...

sexta-feira, 2 de março de 2012

Lágrima












Gotejo tua face fria,
Carrego tua emoção.
Da singular comoção
A mais doce alegria.
Guardo teu sentimento em segredo,
Percorro sem medo
A interface do coração.
Evaporo e me desfaço.
Seja a mercê do tempo,
Ou pela vaidade do vento.
E levo comigo
A impressão do coração aliviado,
O sofrimento exorcizado,
A esperança renovada!